Mais uma quarta não muito inspirada

Acordei num estado excessivamente blergh, para não fugir ao espírito ultra-boring da quarta-feira nossa de cada semana e pagar a língua sobre o que tenho falado do Thom Yorke resolvi aquiescer e deixar o geist do dia mais insosso da semana entrar em casa.

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Ontem à noite precisei assistir “Being Human” (o da BBC, claro) para dormir, achei que fosse bastar, não bastou. Tasquei um daqueles velhos episódios da “Liga da Justiça” (aquele mesmo que passava no SBT). Enfim adormeci, mas acordei hoje com uma sensação estranha, sentimento de ausência de algo inominável, não sei como, mas quando dei por mim estava com “Kaputt”, do Curzio Malaparte em mãos. Não foi o bastante, fiquei relendo algo que não me enlaçou e nem fez meu cérebro formigar há 15, 16 anos. Por que agora seria diferente? Nada mudou em relação à descoberta da minha genealogia e continuo tendo mais interesse histórico na Primeira do que na Segunda Guerra (nem vem que a idiossincrasia é minha!).

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Procurei no google pra ver se alguém estava tentando filmar a vida do Malaparte: nada (acredito piamente em mensagens subliminares e afins). Motivação para o presente post? Registrar aqui minha insatisfação com a nulidade (talvez pela minha ignorância cinéfila, mas vá lá) de filmes a partir da ótica do Eixo. É sempre a mesma história quando se trata da Segunda Guerra… Há tratamentos inovadores, como os incríveis “Train de vie” “e “Inglorious basterds”, mas no mais é sempre a mesma mão que conduz ideia e, finalmente, o roteiro. É, tô mal humorada mesmo. [respirando pausadamente e entoando meu mantra: “always look on to the bright side”]

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Antes de mais nada, tenho verdadeiro horror a qualquer tipo de fascismo, colonialismo, política genocida e insanidades de igual quilate. Mas falta, ainda falta, a percepção do outro lado. A questão do “Outro” instiga demais esta escriba, mas reafirmo: não acredito que haja algo a entender (sentido de lógica, por favor!) a respeito dos genocidas do Eixo, não há justificativa ou compreensão a ser oferecida por eles. Mas eu tenho interesse na história dos perdedores (se bem que algumas crias conseguiram se multiplicar e disseminar a ideologia neo-nazi, isto é, ainda existem alguns pequenos monstros para deixar marcas mais do que profanas por aí). Não penso que a história dos vencedores invalide a história dos vencidos, mas ele ainda precisa ser contada. E, ao contrário de Richard Williamson, não tenho dúvida alguma a respeito do Holocausto.

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Bem, retomando à vaca fria… Não sei muito bem a razão de ter lançado olhos pra “Kaputt”… Depois de duas horas de leitura sobre o terror do nazi-fascismo por uma das vozes dele… Meneei em slow motion a cabeça, como é dado aos seres que só avançam no tranco ou na banguela e segui em derrocada. Ou melhor, deixei “The Eraser”, do Thom Yorke, engolir a casa. Na última semana falei mal dele e isso ficou entranhado em mim, fiz coisa feia? A resposta veio em lamento musical, de repente bateu uma vontade tremenda de cair pra ouvir um dos “losers” mais endinheirados desde os anos 90’s…

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É acho que estou precisando ver a Liga da Justiça arrebentar com um punhado de vilões para animar esta quarta-feira absurdamente ensolarada e barulhenta e, mesmo assim, ultra morosa… Preciso voltar ao que existe de mais caipira…

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alguns  snakebites