A queda flashforward de Lugo

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Estou há muito tempo afastada da atividade laboral da escrita neste universo particular. Mas hoje certa raiva me impeliu a voltar aqui para marcar não somente uma opinião, mas, sobretudo para expressar raiva e inconformismo.

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Hoje foi destituído o “bispo dos pobres”, o esquerdista presidente paraguaio Fernando Lugo. O principal motivo (leia-se pretexto) para o processo acelerado de impeachment foi a matança de Curuguaty (17 mortos: 11 camponeses e seis policiais) entre outros elementos de menor alcance (especialmente o midiático). Quem de nós não se recorda de Eldorado dos Carajás? A questão sobre Reforma Agrária sempre foi assinalada por um banho de sangue. Não quero aqui minimizar as mortes, ao contrário, mas desde quando um evento ocasiona a destituição de um presidente em menos de 48 horas? Principalmente ao pensarmos que, no caso do Paraguai a força política (leia-se político-partidária) está centralizada em mãos latifundiárias?

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Não sou uma fã de Lugo, quiçá o que se convencionou chamar “esquerdista”, especialmente com a pecha indesejada que o nome vem adquirindo. Contudo, o processo constitucional do impeachment, embora revestido de um parco verniz de legalidade, não ergue sequer uma grão de areia. Quanto tempo mais Lugo teria no cargo? Nem um (1) ano! Até onde eu sei, pelo formato da constituição paraguaia não existe a possibilidade de reeleição. Por que essa pressa? Qual investigação foi realizada?

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Mas o foco deste post é outro. Dando uma olhada geral no que a imprensa estava produzindo sobre o ocorrido cheguei ao blog de Marcos Guterman e li o post “Realismo fantástico: Paraguai inventa o ‘golpe dentro da lei“. Um dia eu já quis ser jornalista, queria falar sobre cinema, música, literatura e o que mais me desse na telha. Queria ser colunista jovem, mas essa possibilidade é irreal. O jornalista tem pautas, editor e toda uma parafernália acoplada à profissão que me fez desistir antes mesmo de qualquer movimento no processo de vestibular. Resolvi que eu queria escolher minhas amarras da escrita, então optei pela escrita acadêmica, um aprendizado ad eternuum. Rascunho em cima de rascunho, reescrita em cima de reescrita para não ser irresponsável com a palavra, com o fato. Somos todos passíveis ao erro, principalmente para evitar a agirmos de maneira precipitada e, principalmente irrefletida. Meu desconforto não é pela opinião do blogueiro/jornalista, mas pela forma imprudente em argumentar/comentar um fato tão drástico. Além do Nixon e Collor não me recordo de outro processo constitucional de impeachment e, em ambos casos a investigação não estava mode flashforward.

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Para análises mais aprofundadas sobre a queda de Lugo cliquem nos links a seguir

http://cbn.globoradio.globo.com/programas/cbn-noite-total/2012/06/21/IMPEACHMENT-DE-FERNANDO-LUGO-E-ATITUDE-GOLPISTA.htm
http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/06/22/a-crise-no-paraguai-e-a-estabilidade-continental/#.T-UUYjxhFJE.facebook

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