geração beat lucrando from the grave ou quase isso

“A geração beat, expoente da contra-cultura norte-americana dos anos 50, já está beirando o mainstream”… Primeiro parágrafo – na FSP Ilustrada –  para apresentar a nova HQ “Os beats”, de Harvey Pekar. Sabe aqueles maníacos pelo underground? Cuja maior alegria é ficar num eterno blah blah blah sobre a singularidade, não só do objeto de adoração, mas deles próprios? Daí, quando o tal do objeto começa a alcançar novos fãs/status o primeiro passo é o de repelir o antigo amor (tascando pechas de traíras, vendidos e outros similares), buscar um novo obscuro para continuar a usar o label de “eu sou underground, yeah”… Ultra boring! Eu quero é luz nos meus adorados (encerrando os custos nada saborosos da importação).

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Uhuh ouvindo agora My generation, mas pela deliciosamente insana Patti Smith… Muito a calhar. Viva o bom schuffle!

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Todavia, não discordo do autor da matéria publicada na Ilustrada, o sr. Diogo Bercito. No último mês fiquei sabendo de três grandes lançamentos envolvendo a geração beat. Todos agora serão meus objetos de consumo (a gente tem que começar o ano bem acompanhada).

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Prenda de ano novo número 1:

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só garotos

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“Só Garotos” livro autobiográfico de Patti Smith que retrata o encontro artístico e amoroso da mãe da poesia musical e suja dos anos 70 com o fotógrafo Robert Mapplethorpe. Ah, como pano de fundo ainda tem as conversas dela com Allen Ginsberg. Descolei o trecho a seguir aqui:

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‘Eu estava sempre faminta. Meu metabolismo era muito rápido. Robert conseguia ficar sem comer muito mais tempo do que eu. Se estávamos sem dinheiro, a gente simplesmente não comia. Robert ainda conseguia funcionar, embora ficasse um pouco agitado, mas eu parecia que ia desmaiar. Uma tarde chuvosa fiquei com desejo de um daqueles sanduíches de queijo e alface. Procurei em nossas coisas e achei exatamente 55 centavos, coloquei as moedas em minha capa de chuva cinza, com meu chapéu de Maiakóvski, e fui ao Automat.

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Peguei minha bandeja e depositei as moedas, mas o vidro não abriu. Tentei de novo sem sorte e então reparei que o preço havia subido para 65 centavos. Estava desapontada, para dizer o mínimo, quando ouvi uma voz dizer: ‘Posso ajudar?’.

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Virei-me e ali estava Allen Ginsberg. Nunca havíamos nos encontrado antes, mas sem dúvida era um dos grandes poetas e ativistas do país. Olhei para aqueles intensos olhos castanhos envolvidos por uma barba escura e cacheada e simplesmente assenti. Allen acrescentou os dez centavos que faltavam e ainda me pagou um café. Sem palavras, acompanhei-o até a mesa, e então ataquei o sanduíche.

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Allen se apresentou. Ele falava sobre Walt Whitman e comentei que havia sido criada perto de Camden, onde Whitman fora enterrado, quando ele se inclinou para mim e olhou com mais atenção. ‘Você é menina?’, perguntou.

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‘Sou’, falei. ‘Algum problema?’

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Ele só deu risada. ‘Desculpe. Achei que você fosse um menino bonito.’

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Então entendi tudo.

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‘Bem, isso quer dizer que devo devolver o sanduíche?’

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‘Não, aproveite. O engano foi meu.’

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Ele me contou que estava escrevendo uma longa elegia para Jack Kerouac, que havia morrido recentemente. ‘Três dias depois do aniversário de Rimbaud’, falei. Apertei a mão dele e nos despedimos.

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Algum tempo depois, Allen se tornou meu bom amigo e professor. Vez por outra lembramos de como foi nosso primeiro encontro, e ele uma vez me perguntou como eu descreveria quando nos conhecemos. ‘Diria que você me deu de comer quando eu estava com fome’, respondi. E de fato foi assim.”

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SÓ GAROTOS
AUTORA Patti Smith
TRADUÇÃO Alexandre Barbosa de Souza
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO entre R$ 32,00 – R$ 39,00(240 págs.)

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Prenda de ano novo número 2:

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beat memories

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Beat Memories – The Photograhps of Allen Ginsberg. É fato um tanto notório entre alguns amigos a minha ausência de paixão por poesia, mas a realidade não é tão estática e intransigente assim. Tem uns caras que eu amo (e nem tão secretamente assim): Kaváfis, Pessoa e ando um pouco caidinha pelo Ginsberg (reparei agora que meus diletos têm – no mínimo – uma certa ambivalência… Estranho, estranho, estranho. Mas vamos ao que interessa. As fotos de Ginsberg. Não tenho capacidade de avaliar a arte e meu gosto vai bem no caminho carne de vaca… Sou apaixonada pelos cliques de Annie Leibovitz (ambivalência?!). Por que o livro me interessa? Vejam dois exemplos:

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burroughs e kerouac

William Burroughs e Jack Kerouac

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neal cassady e natalie jackson

Dean Moriarty… oops, Neal Cassady e Natalie Jackson

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É a geração beat impressa em preto e branco. Até consigo me imaginar num dia perfeito (também em p&b, é claro): banheira, jazz,  whisky e “Beat Memories”. Ai, eu preciso muito de uma banheira (top #1 na minha lista de desejos).

BEAT MEMORIES
AUTOR Allen Ginsberg
EDITORA Prestel USA (importado)
QUANTO US$ 49, 144 págs. (cerca de R$ 115 mais taxas pela internet)

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Prenda de ano novo número 3:

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beats_capa

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Os Beats. Na realidade eu só conheço “American Splendor” (veja trailer abaixo), do Harvey Pekar. Well, se Beats for  metade de “American…” só digo uma coisa: Uau. Eu queria ler a HQ, mas isso fica pra outro momento de gastos… Geração beat em quadrinhos?? Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, Gregory Corso e LeRoi Jones? Em quadrinhos? Esse é pra casar!

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OS BEATS
Harvey Pekar
Tradução: Érico Assis
Editora Saraiva – Selo Benvirá
2010 / 1ª edição
R$ 39,90 / 208 páginas

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Despeço-me ao som de Hôtel Costes, Vol. 9 – Djako – Paris… Demain Matin. Não faço a menor ideia do que seja, mas o som é adoravelmente e deliciosamente estranho.

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snakebites

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PS – > Alguém quer ligar pra minha gerente e avisar que as coisas ficarão um pouco vermelhas, mas que em fevereiro eu arrumo? Ainda tenho que comprar a trilogia de Poderoso Chefão (qualé? a pechincha está em R$ 49,90! na FNAC).

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novos snakebites

segunda-feira querida… (?!)

Nada de Garfieldismo para mim! Tá quase um dia 13 apesar da canseira casa-rodô-estrada-aula-rodô-centro-casa, meus pés estão em frangalhos! [nota mental: a fadiga física não repercute na moral…haha]

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Consegui não me aniquilar com um texto sobre os avanços da legislação acerca de poluição ambiental (estudos de caso flertando tudo que tem direito com a etnografia). Hm, ainda que não sirva para dar rumo em conversa de boteco posso dizer que não foi tão ruim quanto parece. Entretanto, ainda permanece a ideia da última aula: a recessão (econômica) como mecanismo para diminuição da emissão de gases… haha

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Tive coragem para ler as últimas cinco páginas de “Big Sur”. Fiquei adiando o máximo que pude. Eu queria saber do desenrolar, mas ao mesmo tempo aquele desespero embriagado pela vida e a paranoia deveriam ser saboreadas aos poucos… Até tive vontade de ler as últimas partes para outrem, encharcando-me de toda sensação possível. Uau, perecer insano entre rochedos, álcool, dissabores amorosos e o mar? E ainda assim (alucinado) nosso Jack consegue alguma luz e “buscar o dourado” para abraçar o que ele entende como salvação? Uau. Ao final do livro ainda pude sentir o poema louco sobre o mar. Nem me importo com o cretino que ele se tornou nos anos 60’s (direitista fervoroso e defensor da guerra do Vietnã…). É estarrecedor ver como o Kerouac vai desvanecendo de On the Road para Big Sur (não, ainda não estou com firmeza de caráter para ler “Visões de Cody”). Pensei em começar a ler outro dele, talvez o mais espiritual, “Os vagabundos iluminados”, nos últimos tempos voltei a um quê mais budista (hm, deve ser fase).

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Mas acho que preciso de um pouco de ar fresco… Talvez algo nacional, todavia, pelos próximos dias lerei um “presente temporário”, cortesia de um nerd-jedi (existe outro tipo?):

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Blahs à parte… O final de semana rendeu frutos mais do que viçosos! Parece que finalmente publicarei meu “Fronteira e Identidade Nacional” (projeto que arrancou bons nacos de vida). Amanhã terei reunião para organizar os “finalmentes”…

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Blah modorrento… Resta-me encontrar, no reino de Morpheus, alguém para ser meu tutor em SPSS… (fingers crossed), qualquer coisa vou de Excel mesmo. [Preciso finalizar o trabalho, fazer um paper da chatice e cair prum congresso em Santiago]

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snakebites tranquilos